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Antiguidade Colorida

Quando pensamos nas estátuas da Grécia Antiga, nos vem a mente uma escultura feita de mármore, totalmente branca e polida. Apesar de, essa ser a realidade hoje, nem sempre foi assim.
É o que nos mostra a exposição do Metropolitan Museum de Nova York, Deuses em Cor, do casal de cientistas alemães  Vinzenz Brinkmann e Ulrike Koch-Brinkmann.

A cientista Ulrike Brinkmann crava a cor original na esfinge de 2 500 anos // (Metropolitan Museum of Art/.)

Fica cada vez mais impossível de rejeitar que, na Grécia, a cor tinha associações poéticas positivas. David Batchelor, autor do livro Cromofobia.

Desde os anos 80, eles vêm reconstruindo as cores de diversas esculturas gregas e mostrando que a Antiguidade era bem mais colorida do que imaginamos.
Vinzenz Brinkmann, arqueólogo, estudava o uso de ferramentas na Antiguidade. E quando procurava por marcas microscópicas da época em superfícies de esculturas, acabou descobrindo resíduos de pigmentos na superfície dessas estátuas,  que foram apagados pela ação do tempo.
Essa descoberta abriu um amplo campo de estudos para ele e sua esposa Ulrike, que passaram a colorir réplicas em gesso com os tons identificados nas obras originais.

Sarcófago de Alexandre: identificação de 22 pigmentos nas roupas dos soldados persas e na nudez dos macedônios // (Frank Nowikowski/Alamy/Fotoarena/.)

E de onde veio a tradição de colorir estátuas na Grécia?
Acredita-se que tenha vindo do Egito, através dos povos que viviam ás margens do Mar Mediterrâneo e das populações que viviam no Oriente. O intercâmbio entre esses povos não era apenas comercial, mas também cultural.

A Ártemis de Pompéia

Em 1760, encontraram uma estátua parcialmente preservada pela lava do vulcão Vesúvio e essa estátua ainda trazia vestígios de cor na pele e roupas. O arqueólogo e historiador Johann Winckelmann, que é considerado um dos pais da História da Arte Clássica, viu a estátua e pode constatar a existência de cor, porém se recusou a aceitar que a estátua fosse grega.

Ártemis de Pompéia. Original e reconstrução. Fonte: http://www.stiftung-archaeologie.de/Artemis_Pompeii_fullsize.html

Isso porque criou-se uma idéia entre os estudiosos de arte, que a brancura era sinal de beleza. Isso começou no século XIV, quando artistas do Renascimento criaram esculturas sem nenhuma gota de cor, já que eram obras inspiradas em estátuas antigas e desgastadas pela ação do tempo. E quando novas peças eram descobertas ainda com sua coloração preservada, acabam sendo atribuídas a civilizações menos desenvolvidas. Infelizmente, com o passar do tempo, a essa preferência estética foi adicionado o fator preconceito. E a brancura das estátuas gregas desgastadas, foi utilizada também como desculpa para a propagação de um eurocentrismo branco e superior.

A exposição Deuses em Cor, já percorreu diversos países, inclusive a Grécia. E por onde passa gera opiniões diversas em seus visitantes.

Atiye Vivá

Fontes:

https://veja.abril.com.br/cultura/exposicao-recupera-as-cores-originais-de-estatuas-gregas

https://www.liebieghaus.de/en/insights/vinzenz-brinkmann-portrait

https://www.bbc.com/portuguese/geral-56723825

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