Essa semana, eu estava ouvindo um podcast que falava sobre paganismo e neo-paganismo e um dos convidados levantou uma questão: seria o Reconstrucionismo uma tentativa falha de recriar uma religião já morta? Reconstrucionismo segundo o dicionário é: designação extensiva a diferentes movimentos ou doutrinas que se assumem como novas formulações de antigos cultos, ideologias, culturas, etc. Ou seja, recriar antigas práticas, cultos e religiões da forma mais fidedigna possível, porém com adaptações para nossa realidade atual.

Estima-se que talvez dois mil gregos pratiquem a tradição helénica e étnica, e outros 100 mil pratiquem uma forma de helenismo. 

Letter From Greece: The Gods Return to Olympus, 2005

A Wicca, por exemplo, é uma religião que agrega antigas práticas pagãs com outras de ordens esotéricas. E nesse caso não se encaixaria nos moldes do Reconstrucionismo.  Já o Reconstrucionismo Helênico é um movimento de resgate do antigo paganismo grego, da forma mais fidedigna possível, ainda que haja adaptações, como por exemplo no calendário de festividades.

Segundo o convidado, um dos motivos que não seria possível reconstruir uma religião antiga como a Helênica, seria o fato de não haver um material escrito completo sobre as práticas religiosas e sim apenas fragmentos de locais e épocas distintas. Sim, sabemos que cada polis tinha suas práticas religiosas, seus deuses favoritos e que isso mudava através dos tempos.  E realmente, essa é uma questão válida ao se pensar em reconstrucionismo helênico. Talvez seja esse o grande desafio para os grupos de Reconstrucionismo Helênico. Mas não acredito que seja um total impedimento. E sobre ser uma religião morta… Há quem defenda que o paganismo grego nunca morreu e sim continuou sendo praticado de forma velada, até a sua retomada nos tempos atuais. E se um grupo de práticas foi capaz de sobreviver mais de 3.000 anos e chegar até nós e ainda despertar o interesse de um número crescente de pessoas no mundo, essa prática está mais viva que nunca!

E o fato de completarmos algumas lacunas, com práticas modernas ou adaptadas não diminui o poder dessa religião. Já que, para nós que seguimos os antigos deuses, eles estão vivos. E sendo assim, são capazes de se renovar, se adaptar e ampliar seus poderes para tocar o coração de seus devotos atuais.

Atiye Vivá